Papo Rápido com a enfermeira Ana Azevedo

Ana Maria Pereira Azevedo, ou simplesmente a Ana Enfermeira, trabalhou no Posto de Saúde de Santa Clara e está há quase dois anos no Posto de Saúde do bairro Caonze. Formada e enfermagem e obstetrícia, Ana é especialista em saúde do idoso e pós-graduada em estratégia saúde da família.

Você trabalha como enfermeira no PSF do bairro K11, há mais de dois anos. Qual o balanço que você faz do trabalho realizado neste período?

Quando cheguei ao posto da ESF (Estratégia Saúde da Família) do bairro Caonze, havia uma procura diária de hipertensos com a pressão descontrolada, crianças com tempo ocioso na  escola e pouca informação sobre saúde. Fizemos uma parceria com a prof. de educação física Aline e com Tatiana que é proprietária de uma casa de festas local e, com a ajuda do vereador Ferreirinha, iniciamos aulas de ginástica gratuitas três vezes por semana. A assiduidade, o quantitativo, a melhora da saúde e da vida social dessas pessoas, nos sinaliza que o resultado não poderia ter sido melhor. Também quero citar nosso trabalho de saúde na escola, onde orientamos crianças de várias idades em diversos aspectos de sua saúde, o que tem contribuído para melhor conscientização na hora da alimentação e higienização bucal e corporal.  Ainda existem no bairro, crianças com caderneta de vacinação em atraso, mas já montamos uma sala de vacinas, que antes não havia no posto e só estamos aguardando o sinal verde da imunização para oferecer mais esse serviço de saúde pública à comunidade. Queremos agradecer a parceria do Padre Antônio Pedro e ao Sr. Iran, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, que viabilizou mais essa conquista.

O êxito está em você não ter precisado usar nenhum medicamento para alcançar resultados positivos.

Quais são os principais atendimentos realizados pela unidade junto às famílias?

Não há atendimentos principais, mas a necessidade observada no momento do acolhimento. Priorizamos a promoção e prevenção em saúde junto às famílias, com acompanhamento dos grupos de hipertensão e diabetes, preventivo, pré-natal, puericultura. Acrescento que somos a porta de entrada para outros níveis de complexidade. Com o tempo, através do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, você passa a identificar grupos, famílias e indivíduos, dando prioridade as situações a serem acompanhadas no planejamento local.

Como é feito o atendimento às gestantes?

Acolhimento é nossa palavra chave. Procuramos orientá-las quanto a seus direitos e deveres, quanto às situações e sintomas comuns durante a gravidez, oferecendo orientações básicas e efetivas sobre alimentação saudável, hidratação, higiene, cuidados com os seios, visando o preparo para amamentação, etc. Priorizamos também, a presença do pai em nossas consultas. Um procedimento que faz parte de nossa prática é a visita domiciliar até o sétimo dia em que a gestante teve o seu bebê. É uma forma de acolhimento, onde procuramos tirar as dúvidas e medos que surgem nesse momento, caracterizando assim, um atendimento biopsicossocial.

Como você enfrenta as dificuldades do atendimento a população alvo do PSF Caonze, tais como a falta de medicamentos, pobreza, demora na realização de examos, entre outros?

Procuramos driblar as faltas e dificuldades trabalhando a promoção e prevenção. A população mais carente necessita de acesso aos exames preventivos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O SUS se propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, democratizando as ações relevantes para que a população conheça seus direitos e os riscos à sua saúde. Com o trabalho de promoção você prepara o indivíduo para escolher seu caminho e optar por uma vida com mais saúde.

Você recomendaria às enfermeiras recém-formadas trabalhar em uma unidade de PSF?

Sim, mas teria que ser um profissional com visão sistêmica e integral do indivíduo, família e comunidade. Capaz de atuar com criatividade e senso crítico, mediante uma prática humanizada, competente e resolutiva. Com sensibilidade para com as questões sociais aliada à disposição para as atividades em comunidade, pois o fio condutor que desenha a prática dos integrantes da ESF é o saber humanitário e o agir solidário.